A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta quinta-feira (19) dois documentos com orientações aos católicos para as eleições, como o voto em candidatos “ficha limpa” e a rejeição a postulantes que tentam se eleger para obter foro privilegiado.
A entidade defende também que os fiéis católicos não votem em candidatos que adotem planos econômicos que privilegiem o lucro em detrimento ao combate à desigualdade social, mas destaca que não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político.
As duas mensagens foram apresentadas pelos bispos em Aparecida (SP), durante a 56ª Assembleia Geral da CNBB, que começou dia 11 e terminará nesta sexta (20).
A entidade católica afirma que não se deve “abrir mão de princípios éticos” e diz que é preciso fazer valer as regras de lisura do processo eleitoral, votando em candidatos que não tenham a ficha suja.
Em 2010, a CNBB foi uma das principais apoiadoras do projeto da Lei da Ficha Limpa e coletou milhares de assinaturas para a proposta, apresentada como uma iniciativa popular. O projeto foi sancionado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e torna inelegível quem foi condenado em decisão proferida por órgão judicial colegiado.
Com base nessa lei, o ex-presidente Lula, preso desde o dia 7, deve ter sua candidatura presidencial inviabilizada, depois de ter sido condenado em segunda instância.
A entidade faz críticas indiretas à gestão Michel Temer, ao registrar que o país enfrenta a perda de direitos e de conquistas sociais, “resultado de uma economia que submete a política aos interesses do mercado, tem aumentado o número dos pobres e dos que vivem em situação de vulnerabilidade”. No ano passado, a CNBB já havia divulgado uma nota bastante crítica às reformas trabalhista e da Previdência apresentadas por Temer.
No documento divulgado hoje, os bispos alertam os fiéis para que tenham cuidado com as “fake news”, que causam “graves prejuízos à democracia”.
No outro texto apresentado pela CNBB, endereçado ao “povo de Deus”, a CNBB diz que “não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político”.
“As ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo; por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano”.
A seis meses das eleições, a entidade afirma também que “não pode ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas” de padres e bispos católicos “que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social”.
CARIRI EM AÇÃO
Com Valor Econômico/Foto: Reprodução Internet
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