Socialistas nordestinos veem candidatura de Joaquim Barbosa com reserva

A força do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste tem sido um grande empecilho para a consolidação do apoio do partido à pré-candidatura do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Filiado ao partido no dia 6 deste mês, Barbosa se vê diante de lideranças pragmáticas em relação ao apoio à postulação no neo-socialista. O desconforto em relação à postulação do ex-magistrado atinge, principalmente, os governadores Ricardo Coutinho, da Paraíba, e Paulo Câmara, de Pernambuco. Os dois temem melindrar os petistas, vistos possíveis apoiadores nas eleições deste ano. Joaquim Barbosa foi o relator do processo do mensalão, que terminou com as condenações de lideranças do PT como José Genoino e José Dirceu, em 2013.

“Não há, na verdade, nem pré-candidatura ainda. Vamos precisar discutir. Uma das opções é lançarmos uma candidatura própria, que pode vir a ser a do ministro Joaquim. Mas há muito o que se discutir e avançar”, declarou Paulo Câmara (PSB), nesta sexta-feira (20), em entrevista à Folha de São Paulo. Um dia antes, Ricardo Coutinho defendeu a formação de uma frente de esquerda, que poderá, ou não, ser encabeçada por Barbosa. “Nós estamos construindo algumas situações que sejam cômodas para o Ministro e cômodas para o partido, portanto não há nada em definitivo. O que existe, apenas, é o reconhecimento de que o nome do Ministro Joaquim Barbosa é um nome potencialmente forte num Brasil, hoje, em que há poucas referências”, disse.

A preocupação dos socialistas nordestinos é não melindrar os petistas e o ex-presidente Lula. O petista é, entre os pré-candidatos ao governo, o que apresenta melhor avaliação pessoal. Apesar de preso, ele é o candidato preferido da metade dos nordestinos, segundo o Datafolha. “As pesquisas mostram que ele [Lula] é uma pessoa que tem uma liderança muito forte, principalmente na região Nordeste. O conjunto de obras e ações que ele fez como presidente são diferenciais para os avanços que a gente teve nos últimos anos”, disse Câmara. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, no entanto, alega que a candidatura de Joaquim Barbosa enfrenta, atualmente, menos resistência que a do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em 2014.

Em meio às discussões internas, Joaquim Barbosa, que aparece com 8% da preferência do eleitorado brasileiro, também não fechou questão em relação à disputa. Ele diz que não se convenceu de que deverá ser candidato.