Infarto: saiba o que fazer para aumentar a chance de sobrevivência

Luís Gabriel De Vita sempre levou uma vida comum. Em 2015, trabalhava em um curso pré-vestibular do DF, estudava para concursos públicos e, nas horas livres, gostava de tocar em uma banda, pedalar e beber com os amigos. Mas, a rotina dele mudou radicalmente depois de sofrer um infarto, aos 31 anos, enquanto andava de bicicleta no Taguaparque.

De repente bateu um cansaço e o coração disparou. Parei, mas os batimentos cardíacos não diminuíam. Comecei então a sentir uma forte dor no peito e formigamento no braço

Luís Gabriel De Vita, 33 anos, músico

Após ter sido levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e não conseguir atendimento, Luís seguiu com a família para o Hospital Santa Marta, em Taguatinga Sul. “Lá, eles constataram o infarto e fui direto para a hemodinâmica desobstruir a artéria. Quando acordei, o médico me disse para agradecer todos os dias por ter sobrevivido. Na recuperação, até gravei um disco”, conta.

Segundo o cardiologista Thomas Osterne, responsável pelo atendimento de Luís, o tempo, no caso de um ataque cardíaco, é determinante. Ele explica que o infarto é a insuficiência de sangue oxigenado no coração devido à obstrução de uma artéria coronária. Com a circulação prejudicada, as células do músculo cardíaco começam a morrer. “Por isso, quanto antes você identificar e tratar o infarto, mais musculatura é possível salvar”, complementa.

O que mais mata não é o próprio infarto em si, mas a arritmia que ele pode provocar. E, há arritmias tão malígnas que, se você não estiver em uma área pré-hospitalar com uma estrutura adequada para reverter o quadro, pode ser fatal.

Tempo que salva vidas
Quando a artéria é totalmente bloqueada, a desobstrução precisa ocorrer num prazo de 90 minutos. E mesmo que o bloqueio seja parcial, o atendimento deve ser muito rápido, porque o risco de arritmia existe.

O tempo preconizado pela sociedade médica internacional é de até 10 minutos entre a chegada do paciente até a realização do primeiro eletrocardiograma, exame que constata o ataque cardíaco.

No Distrito Federal, o Hospital Santa Marta foi um dos primeiros a implantar um protocolo específico para atendimento a pacientes cardíacos. “Quando a opção ‘dor torácica’ é acionada no totem do pronto-socorro, isso gera toda uma movimentação de profissionais, que vai proporcionar um atendimento mais rápido e eficiente”, explica o coordenador do pronto-socorro do HSM, o médico Roberto Abreu.

Nos últimos cinco anos, o hospital conseguiu reduzir em mais de 50% o tempo de diagnóstico e tratamento de pacientes com infarto. “Além do protocolo de dor torácica, treinamos as equipes, ajustamos os softwares que usamos no sistema de classificação de risco e fizemos uma série de investimentos. Temos cardiologistas 24 horas por dia e uma UTI coronariana, com médicos intensivistas especializados em cardiologia”.

Por mês, o hospital recebe, em média, 100 pacientes com suspeita de ataque cardíaco. Desses, aproximadamente 20% representam casos de infarto com risco de vida.

Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 300 mil infartos ocorrem por ano no Brasil. Desses, 80 mil acabam sendo fatais – seja por não receberem o tratamento adequado ou por não terem sido controlados os fatores de risco que podem desencadear a doença. Dentre eles, tabagismo, obesidade, sedentarismo, diabetes e hipertensão.

Como reconhecer e agir?

Os sintomas são clássicos. Dor ou aperto no peito, principalmente no tórax esquerdo, irradiando para o braço. Porém, o cardiologista Thomas Osterne ressalta que, muitas vezes, a dor também pode ser irradiada para costas ou mandíbula, e ser desencadeada por esforço. “Por exemplo, o paciente estava em repouso, começou a fazer algum esforço físico e sentiu a dor”, destaca.

No entanto, há alguns gêneros e classes que desenvolvem sintomas atípicos. “Os mais idosos e as mulheres, por exemplo, podem apresentar desde falta de ar, mal-estar e até dor abdominal, com náuseas e vômitos”.

Em qualquer situação, o mais importante é chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou levar o doente o mais rápido possível para um hospital. A dica de Osterne é que, se já houver a suspeita de infarto, ou se for um paciente com histórico na família, seja feito acompanhamento cardiológico periodicamente. “Para todos os pacientes, cardíacos ou não, a forma mais eficiente de prevenção é adotar hábitos de vida saudáveis, que incluem uma alimentação adequada e a prática de atividades físicas”.

CARIRI EM AÇÃO

Com Metrópoles/Foto: Reprodução google

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