Em mais um sinal das dificuldades internas pelas quais passa o PSDB, o diretório paulista do partido discutiu obrigar seus filiados a declararem apoio formal a João Doria para governador e a Geraldo Alckmin para presidente, sob pena de expulsão por infidelidade.
A medida foi proposta pelo presidente estadual da sigla, Pedro Tobias, mas acabou rejeitada após discussão em que ficou evidente que ela se tornaria uma prova pública do dissenso interno do PSDB.
No alvo da iniciativa estavam prefeitos, deputados e secretários estaduais que têm feito jogo duplo na corrida estadual, mantendo relações próximas com o sucessor de Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, o ex-vice Márcio França (PSB).
O governador é candidato à reeleição e tem executado uma agenda intensa de aproximação e cooptação de aliados de Alckmin -que, para irritação da equipe do ex-prefeito paulistano Doria, aceita o duplo palanque no estado.
No campo federal, a medida foi vista como uma tentativa pública de enquadramento de deputados estaduais e federais do partido que têm mostrando crescente insegurança com a fraca posição de Alckmin nas pesquisas eleitorais, entre 5% e 8% a depender do instituto.
Eles já falam, em reserva, que talvez o PSDB tenha de trocar de candidato. O nome de Doria para a missão é o mais citado na Assembleia Legislativa e entre correntes federais do partido, o que acendeu o sinal de alerta na equipe da pré-campanha de Alckmin.
Doria, por sua vez, tem mantido silêncio público e privado sobre o assunto.
Tobias, que não respondeu aos pedidos para comentar o caso, fez a proposta draconiana na reunião do Diretório Estadual, ocorrida na segunda-feira passada (21).
Apresentou um modelo de notificação extrajudicial ao qual seriam anexadas reportagens relatando supostas infidelidades tucanas.
O acusado teria então cinco dias para responder à acusação e fazer uma retratação pública a fim de provar que segue a orientação do partido.
“Comprovada a fidelidade partidária e o respeito às orientações estatutárias, solicitamos que vossa senhoria declare apoio formal, no mesmo prazo assinalado, aos candidatos já escolhidos nas prévias partidárias, ou seja, ao filiado Geraldo Alckmin para a Presidência da República e ao filiado João Doria para o governo do estado de São Paulo”, diz o texto, que sublinha o “apoio formal”.
Em caso de descumprimento da ordem, “será iniciado o processo de desfiliação por infidelidade partidária”, encerra a proposta de documento.
A reunião foi tensa, com a expulsão de um membro de movimento de juventude tucano sob acusação de estar espionando o encontro.
O episódio evidencia o clima de desconforto no PSDB. Operadores de Alckmin, que está paulatinamente apresentando integrantes de seu programa de governo, se queixam da falta de coordenação política.
Não há por ora líderes regionais que comandem uma política coesa de alianças, por exemplo, nem tampouco um nome para dar a “ordem unida” nacionalmente à sigla.
A situação vai contaminando o entorno de Alckmin. O aliado mais importante do tucano neste momento, o PSD, está fora do centro das decisões. O ministro Gilberto Kassab, que controla a agremiação, não foi consultado pela pré-campanha até aqui.
Para um estrategista de Alckmin, a ansiedade dos aliados é exagerada e alimentada por adversários internos do ex-governador. Ele diz que o tucano só deverá começar a mostrar força quando a campanha começar, em agosto.
CARIRI EM AÇÃO
Com Folhapress/Foto: Reprodução Internet
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