A Plural, entidade que representa o setor de distribuição de combustível no país, garantiu nessa terça-feira (05) que as empresas já estão passando para as refinarias o desconto de R$ 0,46 no valor do diesel.
A entidade, porém, reclama de falta de coerência no discurso do governo, ao prometer ao consumidor um desconto que não seria possível. “Os R$ 0,46 que foram divulgados não chegam às bombas por si só”, disse o presidente do grupo, Leonardo Gadotti.
Para chegar ao valor prometido pelo governo, é preciso que os estados reduzam o ICMS. Em cinco deles, pelo contrário, houve aumento no último ajuste quinzenal, diz a Plural.
São eles: Acre (alta de R$ 0,14 por litro), Alagoas (R$ 0,22), Amazonas (R$ 0,04), Paraíba (R$ 0,13), Rio de Janeiro (R$ 0,03) e Tocantins (R$ 0,17). Outros 18 estados e o Distrito Federal mantiveram os valores.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) anunciou que vai abrir consulta pública para discutir a periodicidade dos reajustes de combustíveis no país.
A ideia é estabelecer um prazo mínimo para repasses das variações no mercado internacional. Ainda não está definido qual será o prazo, mas a determinação pode atingir refinarias e distribuidoras.
A medida é parte de uma estratégia do governo para pôr fim à política de reajustes diários da Petrobras sem passar a imagem de intervenção nem na empresa nem no mercado de combustíveis.
A Folha apurou que a decisão por uma consulta pública foi negociada previamente entre governo e ANP, com o argumento de que a medida propõe a construção de uma solução conjunta com as empresas envolvidas e gera menos risco de afastar investimentos.
Principal afetada, a Petrobras divulgou nota dizendo que vai colaborar com a agência e dizendo que o diálogo “pode resultar em maior competição ao mesmo tempo em que mantém a liberdade para a formação de preços”.
Em julho de 2017, a estatal iniciou uma política ajustes diários nos preços da gasolina e do diesel, de acordo com as variações das cotações internacionais e do câmbio.
Era uma das principais bandeiras do ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, que deixou a companhia na sexta (1º), pressionado pelas críticas à política de preços.
A política passou a ser contestada com o aumento nos preços dos combustíveis provocado pela escalada das cotações internacionais do petróleo nos últimos meses.
Após a paralisação dos caminhoneiros, o preço do diesel foi congelado por 60 dias e a periodicidade nos ajustes passará a ser mensal ao fim desse prazo.
O governo teme, porém, novos protestos com relação ao preço da gasolina. Assim, ficou estabelecido que a ANP usará suas atribuições como regulador para intervir nos prazos de reajustes.
“A solução atenderá às pessoas e às atividades econômicas em seus anseios de ter garantida a possibilidade de reajustes e o conforto de preços justos”, disse em nota o MME (Ministério de Minas e Energia), que divulgou a medida antes mesmo da própria agência.
Em entrevista para anunciar a consulta pública, o diretor-geral da ANP, Decio Oddone, negou que o órgão regulador esteja intervindo nas políticas comerciais das empresas e defendeu a mudança como ato regulatório necessário em um mercado “imperfeito”.
“Não temos um mercado perfeito no Brasil. Temos um mercado de refino onde a Petrobras é monopolista e o volume de importações não é suficiente para precificar os produtos”, argumentou ele.
Para ele, a discussão sobre os prazos de reajustes atende a anseio da sociedade. Oddone defendeu, porém, que a agência não vai interferir em fórmulas para definir os preços.
“Esta consulta permitirá postura alinhada com valores como liberdade de mercado, livre concorrência, defesa de ambiente democrático para pessoas e atividades econômicas e respeito aos contratos”, disse o ministério.
A consulta pública receberá contribuições da sociedade até o dia 2 de julho e a expectativa é que uma resolução com a periodicidade mínima de reajustes seja publicada entre 40 e 60 dias.
CARIRI EM AÇÃO
Com Mais PB /Foto: Reprodução Internet
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