Em meio à volatilidade do mercado financeiro, com Banco Central tendo de intervir para conter a escalada do dólar, as incertezas eleitorais e repique da inflação, além da crise dos transportes de cargas que ainda ronda o governo, o presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta sexta-feira (8) que o Brasil precisa ter mais “otimismo”.
A declaração foi feita durante cerimônia em Iperó, no interior de São Paulo, onde Temer lançou a pedra fundamental de um projeto de energia no Centro Industrial Nuclear de Aramar. Ele disse que presidentes de outros países da América Latina têm “admiração” pelo Brasil.
“Precisamos ter o otimismo que eu encontrei recentemente na Cúpula das Américas, em Lima, no Peru, quando em contato com 12 ou 13 chefes de estado verifiquei a administração extraordinária que eles têm pelo nosso país. Um otimismo até quase exagerado”, afirmou.
O emedebista disse que foi interpelado por Mauricio Macri, presidente da Argentina.
“Ele me chamou de lado e perguntou: ‘como você conseguiu trazer o Brasil para uma inflação de 3%? Como você conseguiu fazer uma grande modernização trabalhista? Como você conseguiu fazer esse teto dos gastos públicos, reformular todo ensino médio do país? Lá [na Argentina] temos uma inflação de 25%, os juros a quase 40%’.”
“Eu disse, ‘presidente Macri, no Brasil nós temos como fundamento básico do governo a palavra diálogo. Nós temos diálogo não só com o Congresso, que nos dá muito apoio, mas com toda a sociedade'”, afirmou Temer.
O presidente ainda disse: “O interessante é que eu vi em todos esses líderes o otimismo e a admiração em relação ao nosso país. E muitas vezes aqui no Brasil nós temos um certo pessimismo.”
Reator nuclear
Temer fez, nesta sexta, o lançamento das obras para construção de um complexo para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e iniciou os testes de equipamentos do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene), do programa nuclear da Marinha.
O reator, segundo o governo, dará autossuficiência ao Brasil na produção de insumos necessários para a fabricação de fármacos utilizados no tratamento de doenças cardíacas, oncológicas e neurológicas, entre outras.
Já o Labgene é um protótipo da planta para o futuro submarino com propulsão nuclear do Brasil.
O complexo do RMB será construído em área de 2,04 milhões de metros quadrados em Iperó. O terreno foi cedido pela Marinha do Brasil e pelo governo de São Paulo, conforme a instituição militar. O local reunirá, além do reator, todos os laboratórios necessários para seu funcionamento.
“Será o catalisador para um grande centro de pesquisa nacional de aplicação de radiação”, informou a Marinha em nota.
A produção de radioisótopos, insumos que hoje são importados, reduzirá o risco de desabastecimento e os custos de fabricação dos medicamentos no país, conforme o governo federal.
“Além de ganharmos essa autonomia, vamos poder ampliar o atendimento público de saúde, levando os benefícios desse projeto e da medicina nuclear para milhões de brasileiros”, afirmou Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Em março deste ano, o Ministério da Saúde firmou acordo com a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa) para aporte de R$ 750 milhões, até 2022, na implantação de parte do empreendimento.
O ministro Gilberto Occhi (Saúde) também participou da solenidade e disse que, em 2018, serão aplicados R$ 30 milhões (dos R$ 750 milhões previstos) no projeto. “Hoje, são realizados cerca de dois milhões de procedimentos médicos [entre eles diagnósticos de imagem] em mais de 900 centros de medicina nuclear no Brasil, públicos e privados. Com a operação do RMB vamos baratear os custos”, afirmou ele, sem mencionar os gastos atuais nessa área.
Submarino nuclear
O Labgene foi construído, de acordo com a Marinha, para reproduzir em terra os sistemas de propulsão que serão instalados no futuro Submarino Nuclear (SN-BR). O laboratório servirá também de base para outros projetos nucleares do Brasil, entre eles o de freio dinamométrico, um motor elétrico de propulsão, turbogeradores e reator.
Quando entrar em plena operação, diz o governo, o laboratório terá uma planta com 48 megawatts de potência térmica, o que é capaz de alimentar a propulsão do submarino, mas também é suficiente para iluminar uma cidade de aproximadamente 20 mil habitantes.
CARIRI EM AÇÃO
Com Folhapress/Foto: Reprodução Internet
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