A violência utilizada pela Prefeitura Municipal de João (PMJP) para desalojar 150 famílias de sem tetos no bairro Colinas do Sul, na periferia da capital paraibana, ganhou repercussão nacional, neste final de semana. Reportagem publicada pelo site Brasil de Fato denuncia que agentes da Guarda Municipal usaram e pistola spray de pimenta para expulsar o grupo.
“O uso da violência não respeitou mulheres, idosos, crianças e até gestantes. A ausência de qualquer tipo de mandado judicial caracterizou o abuso de autoridade implementado pelos agentes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), da Prefeitura Municipal de João Pessoa”, diz trecho da reportagem.
A matéria traz relatos comoventes de vítimas da violência empregada pela gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PV). “Eu tenho 6 filhos. Eles chegaram já derrubando tudo, quebrando tudo, levando tudo, sem respeitar ninguém, sem dizer nada, sem mostrar nenhuma ordem, nem nada e já saíram assim derrubando tudo aí, com crianças no meio, idoso, deficiente. Eu não tenho onde morar, vou construir de novo, no mesmo lugar.”, conta David, que está no acampamento e garante resistir.
“Eles vieram aqui, não perguntou e nem pediu licença, não quis nem saber se tinha criança, se tinha doente, se tinha idoso, nada, já veio empurrando, derrubando os barracos da gente, isso é uma injustiça, cadê os direitos humanos? Aí tempo de eleição, vem aqui pedir voto. Bora levantar nossos barracos porque aqui não é invasão não, aqui é ocupação porque a gente precisa! Então os direitos humanos, imprensa tem que todo mundo vim aqui para ver também porque a gente não tem dinheiro, aí eles vêm aqui e derrubam, mas se a gente tivesse dinheiro, eles não derrubavam não. Isso é errado, isso é uma injustiça, viu!”, desabafou a jovem Valéria, que sonha com o direito de ter um lar.
A reportagem conta que a indignação com a ação violenta da PMJP foi unânime. “Aqui tem mais de 100 famílias, com criança, com bebê, grávida, tem pessoa deficiente, sem moradia e a gente se juntou em grupo para poder arrumar um canto para morar, porque é dessa forma que se tem alguma moradia, porque se não fizer assim nós não conseguimos nada, porque o povo que tá lá no poder se esquece dos pobres, os pobres estão aqui sofrendo, passando dificuldades, sem moradia, uns jogados para casa de família de um lado para outro, e a gente quer é moradia para os pobres, que não têm aonde ficar”, explicou Irmã Netas, uma das moradoras da ocupação.
Tião Lucena/Foto: Reprodução