As articulações do ex-presidente Lula devem levar um nome do PT ao segundo turno da eleição presidencial. No cenário em que Lula consiga ser candidato, algo improvável hoje diante dos problemas que ele enfrenta na Justiça, o petista teria vaga assegurada. No entanto, mesmo fora da disputa, o ex-presidente tem potencial para colocar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad na segunda fase.
Na prática, o Plano B do PT foi antecipado em mais de um mês. O PT esperava registrar a candidatura de Lula com Manuela D’Ávila, do PC do B, na vice em 15 de agosto. Então, travaria luta na Justiça para indicar um eventual substituto de Lula em setembro. Agora, o substituto já está claro: é Haddad.
Isso vai dar mais tempo para que haja a transferência de votos de Lula para Haddad, apesar de o partido oficialmente ainda manter o ex-presidente na cabeça da chapa. Ao desistir de um recurso apresentado ao STF que pedia a sua liberdade, Lula mostra que a estratégia jurídica está obedecendo à tática eleitoral. Ele quis evitar declaração de eventual inelegibilidade pela Suprema Corte.
Na pesquisa Datafolha realizada no início de junho, 30% dos eleitores disseram que poderiam votar com certeza num candidato indicado por Lula. E 17% afirmaram que talvez o fizessem.
Há uma avaliação interna no PT de que seria possível levar Haddad para a casa dos 20% de intenção em duas ou três semanas com o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV martelando que ele seria o candidato de Lula.
Nesse contexto, ficou mais complicada a tarefa de Ciro Gomes (PDT) e de Marina Silva (Rede), candidatos que, nas pesquisas anteriores, eram os maiores beneficiados com a ausência de Lula. O mote “Lula é Haddad, Haddad é Lula” tem força para assegurar uma das duas vagas no segundo turno.
Desconstrução é a palavra
A outra vaga no segundo turno deverá ser disputada por Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva. É muito difícil que Ciro Gomes e um petista se enfrentem na segunda fase. O pedetista brigará com o nome do PT para tentar chegar lá.
Por isso, será importante acompanhar o ataque de Alckmin a Bolsonaro. Além de baixar a intenção de voto em Bolsonaro, Alckmin precisará capturar eleitores do candidato do PSL de modo a superar Marina, que está na faixa dos 15% nas pesquisas. O PSDB terá uma imensidão de tempo no rádio e na TV para se dedicar à tarefa de passar o trator sobre Bolsonaro, mas o candidato do PSL tem demonstrado, até agora, uma sólida intenção de voto na casa dos 18% aos 20%.
Alckmin ganhou musculatura para enfrentar Bolsonaro, mas terá de lidar com os ataques de ligação com o atual governo, seja pelo apoio do Centrão, seja pelo aval ao impeachment e à gestão Temer.
Será uma enorme surpresa se Alvaro Dias (Podemos) ou Henrique Meirelles (MDB) conseguirem entrar no primeiro pelotão da disputa presidencial.
O resumo do final da temporada de convenções partidárias é o seguinte: PT e PSDB saem mais bem preparados do que os demais partidos para a batalha presidencial que começará no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV no final deste mês.
Kennedy/Foto: Internet