O plano da CBF para induzir os clubes a usarem titulares no Brasileiro não foi bem recebido por boa parte dos times que têm poupado suas equipes no campeonato. A diretoria da confederação pensa em criar limite de jogadores inscritos na competição para evitar reservas. Dirigentes de clubes, no entanto, rejeitam a ideia e culpam o calendário feito pela CBF pela escalação de times mistos no Nacional.
Com a extensão de Libertadores e Sul-Americana no ano inteiro, os clubes que disputam três competições têm poupado jogadores no Brasileiro desde 2017. Isso se deve a um calendário apertado com excesso de jogos importantes já que não há redução dos Estaduais. A diretoria da CBF tem se incomodado com a principal competição ser deixada de lado.
A restrição de uso de jogadores inscritos é utilizada em campeonatos pelo mundo, entre eles a Libertadores e a Liga dos Campeões além de algumas ligas nacionais europeias. No Brasil, precisaria passar pelo Conselho Técnico da Série A composto pelos clubes para ser aprovada.
Entre os clubes que mais têm sofrido com o calendário, a medida é rejeitada. ”Sou contra. Não sou eu quem faz o calendário que obriga a poupar. Se levar para votação, vou me posicionar contra”, afirmou o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Jr.
Seu time tem poupado sistematicamente no Brasileiro para privilegiar a Copa do Brasil e a Libertadores. A estratégia é sempre priorizar a competição em que o time pode ser eliminado no próximo jogo.
”Estendeu-se a Libertadores pelo ano inteiro e fica essa superposição. Às vezes, o time pode estar disputando simultâneo pre-Libertadores ou Copa do Brasil e Estaduais. Depois, é Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro”, analisou o presidente gremista. ”Isso implica em ter elencos maiores. Tem que ter elenco para atender à qualidade que a torcida espera. É a racionalidade.”
Mesmo tom de discurso foi adotado pelo presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, cujo time também disputa as três competições. ”Sou contra isso totalmente. Eles (CBF) que melhorem o calendário”, disse ele, que entende que a CBF joga para cima dos clubes um problema criado pela própria entidade. ”Lógico, isso eles têm que ver na Conmebol, a Libertadores o ano todo, mais Copa do Brasil, mais Brasileiro. Quem se destaca é prejudicado”.
Outro que aponta o problema do calendário é o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, que é mais uma equipe que joga as três competições ao mesmo tempo. ”Sou contra (a restrição a elenco). Se o calendário fosse mais racional, nenhum clube teria necessidade de escalar times alternativos no Brasileirão”, definiu.
O calendário da CBF para o próximo ano não vai mudar muito o cenário em relação a 2018. Em linhas gerais, serão mantidos os Estaduais com 18 datas, Brasileiro espremido antes e depois da Copa América, e uma pré-temporada reduzida. A vantagem é que a Copa América é menor do que a Copa do Mundo da Rússia, com três semanas contra cinco.
Marcel Rizzo/Foto:Internet