Em um vídeo publicado em sua página oficial no Facebook no dia 10 de janeiro, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirma que o Ministério da Educação estaria distribuindo para as bibliotecas das escolas públicas o livro “Aparelho Sexual e Cia – Um guia inusitado para crianças descoladas”. A publicação de 2007 do autor suíço Phillipe Chappuis trata de sexualidade para crianças a partir dos 11 anos. De acordo com o parlamentar, o livro é “uma coletânea de absurdos que estimula as crianças a se interessarem por sexo” e “uma porta aberta para a pedofilia”.
A publicação de Bolsonaro, que teve mais de 249 mil compartilhamentos, foi desmentida em nota oficial divulgada pelo ministério nesta sexta (15). Segundo o esclarecimento (leia íntegra abaixo), o livro nunca constou do cardápio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) responsáveis pelo acervo das bibliotecas das escolas e os livros de estudo distribuídos para os estudantes das escolas públicas de todo País. O mesmo boato circulou pelas redes sociais em 2013 e também foi desmentida pelo ministério na época.
A Companhia das Letras, editora da publicação, afirma que o livro já vendeu mais de um milhão de exemplares em todo mundo e foi traduzido para dez idiomas. Serviu de base também para uma exposição na Cidade de Ciências e Tecnologia de La Villette, em Paris. Ele trata de questões como paixão, mudanças da puberdade, contracepção, doenças sexualmente transmissíveis, pedofilia e incesto para crianças e adolescentes.
Durante o vídeo, Bolsonaro critica ainda a revista Nova Escola, publicação da Fundação Victor Civita do Grupo Abril. Ele mostra uma capa da revista com uma reportagem sobre a diversidade sexual nas escolas e a acusa de “perverter os filhos dos pobres”, afirmando que centenas de milhares de exemplares são distribuídos para as escolas públicas.
A revista respondeu em vídeo publicado em sua página no Facebook expondo diversos erros e incoerências do discurso de Bolsonaro e esclarecendo que se destina a professores e não alunos e não tem exemplares comprados pelo Governo Federal para distribuição nas escolas.
Veja na íntegra a nota de esclarecimento do Ministério da Educação:
A obra “Aparelho Sexual e Cia” nunca foi produzida, adquirida, ou distribuída pelo MEC. Trata-se de uma publicação da Cia das Letras. A editora informa em seu catálogo que a obra já vendeu 1,5 milhão de exemplares em todo o mundo, publicada em 10 idiomas.
Essa questão já foi respondida oficialmente pelo Ministério da Educação, em 2013, à imprensa: “A informação sobre a suposta recomendação é equivocada e que o livro não consta no Programa Nacional do Livro Didático/PNLD e no Programa Nacional Biblioteca da Escola/PNBE”.
Da mesma forma, a revista Nova Escola, edição 279 de fevereiro/ 2015, que traz a matéria “Educação sexual: Precisamos falar sobre Romeo…”, uma reportagem sobre sexo, sexualidade e gênero, dirigida a professores, não é uma publicação do MEC, e sim da Editora Abril.
Portanto, cabe reafirmar que o vídeo que apresenta as obras como sendo do MEC, em nenhum momento, comprova a vinculação do Ministério aos materiais citados, justamente porque essa vinculação não existe.
R7 Notícias
Cariri Em Ação
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