É simplesmente chocante que um pai declare, como se fosse a coisa mais natural do mundo, que, após gerar vários filhos, “fraquejou” ao gerar uma mulher. Mais que chocante, é incrível o sentimento que gerou tal convicção; deformada é a personalidade que ostenta essa consciência, e bizarro é o repertório de referências sociais e culturais que motivou a afirmação do candidato #EleNão à Presidência da República.
E é simplesmente inacreditável que mulheres, em sã consciência, se declarem favoráveis a alguém de tão alta baixeza. Alguém que acredita no fato de que se fragilizou socialmente, se apoucou existencialmente, se comprimiu espiritualmente devido à condição de ter sido pai de uma menina. É essa pessoa que ambiciona ser o presidente da República de brasileiros e de brasileiras.
Manifestações nas redes sociais alimentam a minha perplexidade que já está ao nível da obesidade mórbida devido ao bombardeio dessa gordura tóxica bombeada diretamente nas veias da minha compreensão de mundo – mundo que sinaliza com o respeito à diferença, que reivindica igualdade entre todos e todas – veneno inoculado nos tubos do meu corpo mental consciente principalmente por jovens mulheres, executivas que se acham paradigmáticas, estudantes que se consideram lúcidas, mães que acreditam no amor a filhos e filhas.
#EleNão, o nazista caricato que decidiu transitar pela história ostentando ódio como símbolo de poder, empunhando preconceito como opção existencial e praticando a exclusão por convicção, se define totalmente ao expor a mesquinhez com que encara a mulher e os problemas que as mulheres enfrentam na sociedade atual.
Reproduzo a seguir duas pesquisas apresentadas não faz nem um ano à opinião pública mundial e brasileira sobre os “probleminhas” da mulher.
Pesquisa realizada pela Kering Foundation. Dados internacionais:
• A cada 2 segundos, uma garota de menos de 18 anos é forçada a se casar.
• 1 em cada 3 garotas de 13 a 15 anos sofrem com bullying regularmente.
• 15 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos já sofreram abuso sexual.
• 9 milhões destas garotas sofreram abuso sexual nos últimos 12 meses.
• 1 em cada 4 garotas dos EUA sofrem abuso sexual antes de completarem 16 anos.
• 1 em cada 5 jovens sofrem abuso sexual dentro das universidades dos EUA.
• 1 em cada 4 adolescentes do Reino Unido sofrem violência física pelos seus próprios namorados.
• 1 em cada 4 adolescentes francesas são vítimas de assédio pela Internet.
• 70% das mulheres refugiadas são vítimas de violência ao longo da vida.
• 31,5% das mulheres e garotas italianas são vítimas de violência física ou sexual.
• 43% das mulheres europeias já sofreram de assédio moral ou violência física pelos seus parceiros.
• 200 milhões de garotas e mulheres já foram obrigadas a passar por mutilação genital.
Pesquisa Data Folha, realidade do Brasil.
• 503 mulheres brasileiras são vítimas de agressão física a cada hora.
• Entre as mulheres que sofreram violência, 52% se calaram. Apenas 11% procuraram a delegacia da mulher.
•Em 61% dos casos, o agressor é um conhecido; em 19% das vezes, eram companheiros atuais das vítimas.
• 43% das agressões ocorreram dentro das casas das vítimas.
• 40% das mulheres acima de 16 anos já sofreram algum tipo de assédio.
• 5,2 milhões de mulheres já sofreram assédio em transporte público.
• 20,4 milhões de mulheres j[a receberam comentários desrespeitosos nas ruas.
• 2,2 milhões de mulheres já foi beijada ou agarrada sem consentimento.
• 10% das mulheres já sofreram ameaça de violência física.
• 8% das mulheres sofreram ofensa sexual.
• 4% receberam ameaça com faca ou arma de fogo.
• 3% (ou 1,4 milhões) de mulheres sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro.
#EleNão diz sim ao que de pior, de mais nauseabundo, aos aspectos mais reprováveis da mente humana acovardada perante a diferença. A sociedade brasileira não se desestruturou ao ponto de eleger esse apóstolo da miséria espiritual. Quem viver, verá.
Paraíba já
Cariri em Ação
Leia mais notícias em caririemacao.com, siga nossa página no Facebook, Instagram e Youtube e veja nossas matérias, vídeos e fotos. Você também pode enviar informações à Redação do Portal Cariri em Ação pelo WhatsApp (83) 9 9634.5791, (83) 9 9601-1162.