A defesa do ex-prefeito Fernando Haddad, vice na chapa de Lula (PT) na disputa presidencial, ingressou nesta segunda (10) com um pedido à Justiça criminal para que as acusações contra ele de corrupção passiva e lavagem de dinheiro sejam rejeitadas por falta de provas.
O advogado de Haddad, Pierpaolo Bottini, diz que a denúncia contra o seu cliente não vai além do que diz o delator Ricardo Pessoa, controlador das empresas UTC e Constran, e o Supremo Tribunal Federal já decidiu que palavra de delator precisa ser confirmada com provas.
Na última terça (4), o promotor Marcelo Mendroni apresentou uma denúncia na qual acusa Haddad de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O promotor usa a delação de Pessoa para sustentar a acusação de que o empresário pagou uma dívida de R$ 2,6 milhões da campanha de Haddad, em 2012, junto a uma gráfica.
Para a defesa de Haddad, a denúncia é “inepta” porque não houve nenhuma investigação a partir da delação do empresário, que foi preso pela Lava Jato e fez um acordo de colaboração em 2015. “Suas declarações não servem como prova, mas apenas como meio de obtenção de provas, como já decidiu o STF por diversas vezes”, diz a peça apresentada nesta segunda.
Não há nem prova de caixa dois, crime que já é apurado pela justiça eleitoral desde maio, ainda segundo a defesa de Haddad.
O advogado do ex-prefeito afirma que as declarações do delator precisam ser analisadas com reserva porque Haddad contrariou os interesses dele quando esteve na prefeitura de São Paulo, entre 2013 e 2016.
O ex-prefeito cancelou uma obra que a Constran havia conquistado com outra empreiteira, um túnel na avenida Jornalista Roberto Marinho, porque havia indícios de superfaturamento.
Folha de S. Paulo