O médico obstetra Armando Andrade Araújo, que atua no hospital Balbina Mestrinho, em Manaus (AM), será indiciado por vias de fato e injúria após uma adolescente de 17 anos denunciar que foi torturada durante o trabalho de parto. A violência obstétrica ocorreu em maio de 2018, mas as imagens do momento só começaram a circular esta semana, em grupos de WhatsApp.
No vídeo, é possível ver a gestante em posição de parto e reclamando de câibras nas pernas, enquanto o médico insiste para que o bebê nasça de normal. As imagens ainda mostram a sogra dela chorando e implorando para que ela fosse submetida a uma cesariana, já que estaria sem forças.
“Não foi agressão, foi tortura”, diz uma familiar da adolescente, que pediu para não ter o nome revelado.
De acordo com informações do portal Uol, a gestante deu entrada no hospital com dores e contrações, e não teve nenhuma restrição durante o pré-natal. A mulher conta que foi dada ocitocina sintética à jovem para acelerar as contrações e que outros medicamentos também foram administrados. “A bolsa dela foi estourada com o dedo, sem o médico avisar que faria isso”, diz.
Após o vídeo viralizar, a família da vítima decidiu registrar um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM). Eles contam que não tinham acesso às imagens e não sabem quem as divulgou.
A delegada Débora Mafra ouviu a adolescente e disse que o caso será encaminhado ao 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP). O médico deve ser ouvido ainda esta semana. Ele já tinha, de acordo com Mafra, outras cinco denúncias de casos parecidos, feitas desde 2013.
“Quando ela lembra das cenas que passou, chora. Ela ficou com dificuldades para andar, porque o médico colocou as mãos tentando abrir a vagina dela para tirar o bebê”, afirmou.
Armando Araújo foi preso em 2015 durante a Operação Jaleco Branco, da Polícia Civil do Amazonas, suspeita de integrar uma quadrilha que extorquia mulheres para fazer partos e outros procedimentos em hospitais públicos de Manaus.
Ele chegou a ser foi condenado a dois anos de prisão, mas teve a pena convertida em prestação de serviço à comunidade, segundo o Ministério Público do Estado do Amazonas e continuou solto.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), responsável pelo hospital Balbina Mestrinho, informou que abriu sindicância na última quarta-feira (20) para apurar a conduta do médico. A Susam também pediu o afastamento do profissional ao Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam), empresa em para qual o profissional trabalha e presta serviço ao estado.